sábado, dezembro 04, 2004

+ Leminski - OLINDA WISCHRAL

pessoas deviam poder evaporar
quando quisessem
não deixar por aí
lembranças pedaços carcaças
gotas de sangue caveiras esqueletos
e esses apertos no coração
que não me deixam dormir
O ex-estranho. São Paulo: Iluminuras, 1966, pg 30


entrevista publicada no Caderno 2, do Estadão, em outubro de 86

Pergunta - é esse sentido de prazer com a linguagem que impulsiona o seu trabalho?
leminski responde - Eu faço poesia como a aranha faz sua teia. Não tem por quê. Estou além do por quê. é o resto da minha vida que tem que se explicar em relação a isso. Esse é o resultado do meu viver. A minha poesia, para mim, é uma atividade intransitiva. Como pular o carnaval. Não se pula o carnaval para alguma coisa. Simplesmente pula-se. Ou não. E pode-se fazer disso um exercício de sadismo ou de masoquismo.

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