sábado, fevereiro 12, 2005

Quando eu era pequena. Eu era.
Um dia, crescida, achei que aquela voz na cabeça, cantarolando não era eu.
Devia ser uma musa tresloucada. Nômade de passagem, que estava ali ( ou aqui?) só para dormir. Pouso por uma noite. Acreditei piamente nisso. Até que o tempo passou. Noites viraram meses, anos e chuva e sol , ela-eu estava ainda aqui.
Um dia decidi encarar a incômoda aparição-dúvida- quem é você?.
Hey ho let’s go
Ela mora na parte mais florida
Onde chove quente e tem pocinhas para chapinhar
Tudo é cor , forte intenso e quase dói
Mas é dor boa
como cansaço de brincar demais não pode ser ruim
Esta menina não tem limites
Limites? Quando o tempo é tão curto e tem tantas coisas para ver?
Descanso quando voltar para lá. Lá vejo o que exatamente é o lá, e o que ou quem sou a eu de lá.
Por enquanto quero ver e sentir e encostar em tudo.
Não tenho medo de amarrotar a roupa, ou pegar carrapatos. Lá deve ter remédio. A única coisa que não se remedia é o que deixar por fazer aqui.
Não me importa se me olham arregalados olhos, surpresos com meu riso alto.
Me pedem silêncio, prudência, atenção, me desculpe senhora, prometo não fazer novamente. Vou falar para ela-menina tomar juízo. Tomar goles grandes e engolir sem fazer careta com o gosto amargo, ok, entendi, nada de brincadeiras que isso é coisa séria. Sim, ela vai ter que crescer , sim, agora mesmo.
Mentira. Olho para a menina e peço que nunca mude.
Sou eu menina, que passo pela vida passeando.Passo pelo paço, pela praça e dou risada das rimas. Rimas pobres, rimas ricas quem se importa? Eu-nós não.
Pode ir chegando. Puxa uma cadeira e senta no chão. Logo mais vai ter teatro. Com palhaço e festival da canção.
A comida está logo ali, serve-te sem inibição. Se está aqui é pq achaste o caminho.
Só para loucos, só para os raros.

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